sábado, 2 de abril de 2016

Ai gente, eu sou meio bipolar... E isso não é tão engraçado assim


Receber um diagnóstico desses não é fácil. O primeiro pensamento é que você agora é oficialmente "louca". E o segundo pensamento é extremamente reconfortante: todas aquelas vezes em que eu perdi o controle, quando gritei com alguém, quando não conseguia parar de chorar, quando me afastava de todo mundo, quando magoava pessoas que eu amava, quando tudo isso acontecia não era eu realmente.

Muita gente adora a piada do "ai, eu sou muito bipolar, tem dia que estou muito irritada!" e eu entendo a analogia, entendo que às vezes as pessoas têm oscilação de humor e que isso atrapalha o cotidiano, que pode ser engraçado ou ridículo. O que eu gostaria que ficasse bem nítido é que a bipolaridade faz sofrer tanto que algumas pessoas não aguentam.

O transtorno bipolar ou transtorno do humor é uma doença e existe tratamento. Existem 4 tipos de TAB e eu tenho o tipo 2 ou 3, segundo meu médico, que são tipos mistos, mais leves. Mesmo sendo um tipo mais "leve", eu sofri muito e as pessoas ao meu redor também.

Hoje, aos 24 anos, finalmente fui devidamente informada sobre o que acontece comigo e isso me tornou forte, porque agora eu posso estudar sobre isso, posso distinguir o que é meu, da minha personalidade, e o que é da bipolaridade, o que é da doença e me invade. Isso leva tempo e estou disposta a tentar.

Gostaria de poder conversar com todas as pessoas que conviveram comigo em toda a minha vida e me desculpar sinceramente, explicar que eu estou fazendo tratamento e que não pretendo mais fazer nada de mau a ninguém. Porém isso não é possível, então, minha saída é escrever para que puder ler.

O transtorno afetivo bipolar (TAB) é uma doença como qualquer outra, como a hipertensão, como a diabetes, como o hipotireoidismo. Pouco se sabe sobre as causas, mas o que realmente importa é entender que as pessoas com TAB precisam de tratamento como qualquer outra pessoa doente.

O fato de estar doente, no entanto, não impede que a vida siga. Essa pessoa tem que continuar trabalhando, estudando, participando de projetos, assim como também deve fazer o acompanhamento médico e terapêutico. Então, apesar de tudo, a vida segue, e, dia após dia, nós estaremos lá na batalha contra os sintomas, estudando com afinco quem nós somos e procurando machucar o mínimo de pessoas no caminho.

Quando eu iniciei este blog, a ideia era treinar minha escrita. Depois de iniciar vários projetos e abandoná-los (também por causa da TAB) encontrei o que realmente me faz bem. Porém eu não fazia ideia de que o verdadeiro desafio de 2016 não seria escrever todos os dias, porque isso eu tenho conseguido fazer minimamente, descobri que o meu verdadeiro desafio de 2016 e também do resto da minha vida é enfrentar um quadro de TAB com as ferramentas que eu disponho.

Caso você que lê se interesse em saber mais, há um site com muitas informações: http://www.abrata.org.br/new/

Gostaria de agradecer muito muito a todas as pessoas que me ajudaram de alguma forma. Para as pessoas que me proporcionaram o tratamento, mesmo quando eu o negligenciava porque não entendia o que estava acontecendo, gostaria de dizer que a vida vale a pena por vocês.

Muito obrigada e, desculpe, eventualmente por qualquer coisa.



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